segunda-feira, 8 de junho de 2009

Os Lobos

"Mestre, preciso de sua ajuda. Eu não sei mais o que fazer.

O que lhe parece ser o problema? perguntou o sábio.

Estou tendo muita dificuldade em controlar minha raiva, disse o visitante. É o jeito que as pessoas são. Eu as vejo criticando os outros enquanto estão totalmente cegos para seus próprios defeitos. Eu não quero criticá-los para não ser como eles, mas isto realmente me irrita.

Eu compreendo, disse o sábio. Mas diga-me uma coisa primeiro. Não foi você que escapou por pouco da morte no ano passado?

Sim, confirmou o visitante. Foi uma experiência terrível. Eu me aventurei muito longe na floresta, e fui cercado por um bando de lobos esfomeados.

E o que você fez?

Eu subi numa árvore quando eles estavam correndo em minha direção. Eram lobos grandes, e eu não tenho nenhuma dúvida de que me poderiam me fazer em pedaços.

Então, você ficou preso?

Sim. Eu sabia que não poderia ficar lá por muito tempo, sem água e sem comida, e ficava esperando que eles diminuíssem sua atenção. Quando percebia que seria seguro, eu pulava até o chão e corria como um louco até a próxima árvore, e subia de novo.

Parece que foi uma provação muito difícil.

Sim - durou dois dias. Eu pensei que fosse morrer. Por sorte, um grupo de caçadores se aproximou, depois que eu cheguei um pouco mais perto da vila. Os lobos se espalharam e eu me salvei.

Estou curioso sobre uma coisa, disse o sábio. Durante sua experiência, você se sentiu ofendido pelos lobos?

Como? Ofendido?

Sim. Você se sentiu ofendido ou insultado pelos lobos?

Claro que não, Mestre. Este pensamento nuca me passou pela cabeça.

Como não? Eles queriam morde-lo, não queriam? Eles queriam matá-lo, não queriam?

Sim, mas... isto é o que os lobos fazem! Eles estavam sendo conforme sua natureza. Seria um absurdo que eu encarasse isso como uma ofensa.

Ótimo! Agora vamos conservar este pensamento enquanto examinamos sua pergunta. Criticar os outros enquanto permanecem cegos para os próprios defeitos é uma coisa que muitas pessoas fazem. Pode-se até dizer que é uma coisa que todos nos fazemos de vez em quando. De uma certa forma, é um lobo voraz que vive em cada um de nos.

Quando os lobos mostram suas presas e o ameaçam, não se deve ficar parado. Você certamente deve proteger-se fugindo deles tanto quanto possível. Da mesma forma, quando as pessoas o perturbarem com criticas maldosas, você não deve aceitar isso passivamente. Você deve proteger-se, distanciando-se o quanto possível.

O aspecto crucial é que que isto deve ser feito sem que se sinta ofendido ou insultado, por que essas pessoas estão apenas sendo elas mesmas. É da natureza delas serem críticas e cheias de julgamentos, de modo que seria um absurdo ficarmos ofendidos, e seria inútil ficarmos bravos.

A próxima vez que os lobos esfomeados na pele de homens correrem atrás de você, lembre-se: é o jeito que as pessoas são - exatamente como você disse assim que chegou."

Presente



"

Um dia, andando na selva, um homem encontrou um tigre feroz. Ele correu para salvar sua vida, perseguido pelo tigre.

O homem chegou à beira de um precipício, e o tigre estava quase alcançando-o. Sem opção, ele se agarrou a uma parreira com suas duas mãos, e desceu.

No meio do precipício, olhou para cima e viu o tigre no topo, arreganhando os dentes. Ele olhou para baixo, e viu outro tigre, rugindo e esperando sua chegada. E ficou preso entre os dois.

Em seguida, apareceram dois ratos sobre o precipício, um branco e outro preto. Como se ele não tivesse com preocupações suficientes, os ratos começaram a roer a parreira.

Sabia que se os ratos continuassem a roer, chegaria um ponto em que a parreira não poderia suportar seu peso, causando sua queda. Tentou espantar os ratos, mas eles voltavam e continuavam a roer.

Neste momento, ele observou um morangueiro crescendo na parede do precipício, não muito longe dele. Os morangos pareciam grandes e maduros. Segurando-se na parreira com apenas uma das mãos, com a outra colheu um morango.

Com um tigre acima, outro abaixo, e com os ratos continuando a roer a parreira, o homem comeu o morango e achou-o absolutamente delicioso."

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O presente, como o Tao, desafia uma definição. Por mais que possamos medir o tempo com grande precisão, essa precisão técnica não nos ajuda a isolar uma fatia infinitesimal de duração zero. Apesar de termos a tecnologia para construir um relógio atômico com margem de erro menor que dez bilionésimos de segundo, todos os relógios atômicos do mundo não podem capturar a mágica do momento presente.